sábado, 22 de março de 2014

Lipoproteínas (considerações gerais)



Apesar da elevada heterogeneidade dos lípidos, quer ao nível das diferentes classes que existem (ácidos gordos, triglicéridos, colesterol, ésteres de colesterol e fosfolípidos), quer dentro de cada uma dessas classes, há uma característica comum a todos eles - a sua elevada insolubilidade em água. Na realidade, apesar de alguns dos lípidos terem um comportamento anfipático (fosfolípidos e colesterol), são predominantemente apolares. Uma vez que no nosso organismo é necessário transportar lípidos de um órgão para outro, e o solvente de todos os nossos fluídos, incluindo o plasma, é a água, temos um problema potencial… Se os lípidos circulassem na sua forma livre na corrente sanguínea, iam ter a tendência para se aglomerar em gotas lipídicas (tal como acontece quando deixamos cair gotas de azeite num copo com água), que iriam, em última instância, causar a oclusão dos vasos sanguíneos.
É exatamente para evitar esta situação que existem as lipoproteínas plasmáticas. Como o próprio nome indica, as lipoproteínas são complexos macromoleculares compostos por lípidos e proteínas e têm a função de transportar os lípidos (a única exceção são os ácidos gordos!) na corrente sanguínea mantendo-os num estado parcialmente solúvel. Basicamente a ideia é que se tratam de estruturas esféricas, com um interior extremamente hidrofóbico (composto maioritariamente pelos lípidos mais apolares – triglicéridos e fosfolípidos), e uma superfície polar, de forma a permitir interações com a água. Sendo assim, à superfície encontram-se os grupos polares dos fosfolípidos e do colesterol. Desta forma, ao apresentarem a capacidade de interatuar com a água, as lipoproteínas consegue ficar num estado parcialmente solúvel, impedindo que os lípidos formem gotas hidrofóbicas para se escudarem do contacto com a mesma.
Existem várias classes de lipoproteínas, que são agrupadas de acordo com a sua densidade. Sendo assim, por ordem crescente de densidade temos as quilomícrons, VLDL, IDL (não é verdadeiramente uma classe de lipoproteínas), LDL e HDL. Uma vez que os lípidos são menos densos do que aágua, quanto maior for o teor em lípidos de uma lipoproteína, menos será a suadensidade. Quanto ao tamanho das diferentes classes de lipoproteínas, este varia na razão inversa da densidade, ou seja, as lipoproteínas mais densas são, simultaneamente, as mais pequenas.
Quanto à parte proteica das lipoproteínas, é composta pelas chamadas apolipoproteínas, ou apoproteínas. Na bioquímica, o prefixo “apo” significa “incompleto”, ou “sozinho”. Portanto, o conceito de apoproteína aplica-se à parte proteica das lipoproteínas, na ausência de lípidos. O nome das apoproteínas é dado da seguinte forma: prefixo “apo”, letra maiúscula e, nalguns casos, um número, que pode refletir a ordem da descoberta ou a massa molecular. Como exemplos temos a apoE, ou a apoB-100. As apoproteínas desempenham várias funções importantes nas lipoproteínas que serão abordadas num post futuro…

quarta-feira, 5 de março de 2014

Ligação de hidrogénio



A ligação de hidrogénio é também chamada de ponte de hidrogénio e, como o próprio nome indica, envolve um átomo de hidrogénio. Na realidade trata-se de um caso particular de interação dipolo-dipolo (entre moléculas polares) que envolve um átomo de hidrogénio, e que requer condições específicas para se estabelecer.
Há dois requisitos que se têm que verificar para que se estabeleça uma ligação de hidrogénio. Por isso, nem todas as moléculas polares que possuem hidrogénio apresentam a capacidade de estabelecer este tipo de interação… o primeiro requisito que deve ser cumprido é a existência de um átomo muito eletronegativo numa das moléculas. Quando digo “muito eletronegativo” estou-me a referir a um dos 3 átomos mais eletronegativos – oxigénio, azoto ou flúor. Este átomo vai funcionar como “aceitador” de hidrogénio, pois derivado do facto de ser muito eletronegativo, vai ter uma densidade eletrónica muito elevada sobre ele e, consequentemente, vai apresentar carga parcial negativa. O segundo requisito que se tem que verificar é a existência de um átomo de hidrogénio covalentemente ligado a um átomo muito eletronegativo. Neste caso, este último funcionará como “dador” de hidrogénio, sendo que o hidrogénio vai apresentar carga parcial positiva porque está ligado a um átomo muito eletronegativo.
Portanto, o que ocorre é uma atração eletrostática entre as cargas parciais opostas, estabelecendo-se a ponte de hidrogénio. Na bioquímica, as ligações de hidrogénio, tal como as restantes forças não covalentes, são muito importantes. O exemplo mais conhecido diz respeito à interação entre bases azotadas complementares
E já agora… apesar de já ter escrito isto noutro post, não resisto a contar outra vez: ;)
Sabem como é que um eletrão se suicida?
Atira-se da ponte de hidrogénio!