Conforme já referido noutro post (mais informações aqui), o stress oxidativo
resulta principalmente de um desequilíbrio entre moléculas potencialmente
perigosas para as nossas células, as espécies reativas de oxigénio, e,
moléculas protetoras da integridade oxidativa das nossas estruturas celulares.
Quando esse desequilíbrio favorece as primeiras, ou desfavorece as segundas,
temos a condição designada de stress oxidativo.
O stress oxidativo é o grande pilar da teoria do
envelhecimento, pois apesar de nós termos várias defesas antioxidantes para nos
proteger, há sempre espécies reativas de oxigénio que conseguem contornar essas
defesas, causando danos, que se acumulam. Além disso, no caso dos fumadores,
existe um stress oxidativo permanente, principalmente ao nível das células
pulmonares, pois o fumo do tabaco contém grandes quantidades de espécies
reativas de oxigénio (e espécies reativas de azoto, mas sobre essas não irei
falar hoje), o que faz com as defesas antioxidantes existentes nos pulmões
sejam incapazes de lidar totalmente com as agressões provenientes do fumo do
tabaco.
Mas nem tudo são más notícias, pois a nossa bioquímica está
cheia de exemplos onde até as situações/moléculas mais perigosas podem ser
convertidas numa vantagem, pelo menos nalguns contextos… É o que se passa com o
stress oxidativo! Apesar de ser uma situação potencialmente fatal para as
células e, portanto, na maioria das vezes, ser uma situação que devemos evitar,
existe uma altura onde o stress oxidativo é benéfico par ao nosso organismo.
Estou a falar da resposta inflamatória…
De uma forma simples, quando existe um microrganismo invasor
(ou outros tipos de estímulos), o nosso organismo deteta que alguma coisa não
está bem, e dá início à resposta inflamatória. Um dos componentes celulares
mais importantes da mesma são os neutrófilos, uma classe de glóbulos brancos.
Uma das formas de atuação dos neutrófilos está relacionada com o contacto dos
mesmos com microrganismos invasores. Em resposta a essa situação, os
neutrófilos aumentam a sua taxa metabólica, e o motivo é simples: querem sobre-produzir
espécies reativas de oxigénio, ou seja, querem induzir o stress oxidativo.
Claro que se trata de um processo controlado, ou seja, a estimulação do stress
oxidativo dá-se a um nível que ainda pode ser eficazmente eliminado pelas
nossas defesas antioxidantes, mas a maior parte dos microorganismos já não vão
ter essa capacidade. Ou seja, os neutrófilos induzem o stress oxidativo, a um
nível ainda tolerado pela maioria das nossas células, mas não tolerado pela
maioria dos microrganismos. Dessa forma, a invasão é controlada e, idealmente
não causa danos significativos no nosso organismo.
Portanto, até o stress oxidativo pode ser vantajoso, desde
que corretamente controlado. É mais um exemple notável de quão fascinante é o
Mundo da Bioquímica… ;)
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