Recentemente fiz um post sobre o stress oxidativo (podem lê-lo aqui),
no qual, naturalmente, dei algum destaque às espécies reativas de oxigénio. Ora
bem, hoje vou falar dos “bons da fita”, ou seja, dos antioxidantes…
A palavra “antioxidante” é provavelmente a palavra que mais
se ouve nos anúncios dos meios de comunicação social, seja no contexto
alimentar, cosmético, etc. E, na realidade, nós podemos (e devemos!) garantir
um aporte exógeno elevado de antioxidantes, pelo que se trata de um assunto
importante em vários contextos. O que possivelmente menos pessoas sabem é que
nós já temos vários antioxidantes internos. Sendo assim, podemos já dividir os
antioxidantes em 2 categorias:
- antioxidantes
exógenos, são aqueles que nós obtemos principalmente a partir da
alimentação;
- antioxidantes
endógenos, são aqueles que nós produzimos nas nossas células e que, em
condições normais, estão sempre presentes nas mesmas.
Outra classificação possível é a seguinte:
- antioxidantes
enzimáticos, que são enzimas que nós produzimos e que têm como função
eliminar as espécies reativas de oxigénio. Por exemplo, existe uma enzima,
designada por superóxido dismutase que catalisa a conversão de 2 aniões
superóxido, que são radicais livres), numa molécula de peróxido de hidrogénio
(que apesar de ser uma espécie reativa de oxigénio, não é um radical livre).
Outro exemplo é a catalase (podem ler mais sobre esta enzima aqui), que converte o
peróxido de hidrogénio em duas moléculas potencialmente inofensivas para as
nossas biomoléculas, a água e o oxigénio.
- antioxidantes
não-enzimáticos, que são moléculas que funcionam como antioxidantes porque
reagem com as espécies reativas de oxigénio, promovendo a sua inativação. No
fundo, são moléculas que “generosamente” se colocam na linha da frente da
batalha contra os pró-oxidantes. Por isso, esses pró-oxidantes vão reagir com
elas, promovendo a sua oxidação. Esta situação é benéfica, porque são os
antioxidantes que acabam por ficar oxidados, poupando as nossas biomoléculas
dos danos oxidativos. Estes antioxidantes não-enzimáticos têm muitas vezes na
sua composição anéis benzénicos que estabilizam a presença de um possível
eletrão desemparelhado, podendo também reagir uns com os outros para que os
seus eletrões desemparelhados fiquem emparelhados.
Dentro desta classe temos a
glutationa, por exemplo, que é um antioxidante endógeno muito importante para
os glóbulos vermelhos (e para outros tipos celulares…) e que reage com peróxidos,
sofrendo oxidação. Quando sofre oxidação, dimeriza com outra glutationa
oxidada. Também temos algumas moléculas que são antioxidantes exógenos,
nomeadamente a vitamina C e a vitamina E, que são antioxidantes muito
importantes para o nosso plasma e para as nossas membranas, respetivamente.
Atenção que há muitas vitaminas que não têm função antioxidante, ou seja, esta
característica não pode ser generalizada a todas as restantes. Existem também
vários antioxidantes que, não sendo indispensáveis para o nosso metabolismo,
contribuem para o seu bom funcionamento, pertencendo por isso à classe dos
compostos bioativos da alimentação. Os flavonoides ou o licopeno do tomate são
bons exemplos disso.
Portanto, se olharmos para as duas classificações,
facilmente se percebe que os antioxidantes exógenos são sempre não-enzimáticos,
e que os antioxidantes endógenos podem ser enzimáticos ou não-enzimáticos.
Independentemente da classe onde se inserem, são moléculas extremamente
importantes e se nós conseguirmos garantir um aporte adequado dos mesmos,
seguramente que estaremos mais preparados para lidar com o stress oxidativo.
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