Hoje decidi fazer um post sobre um tema muito importante, o
stress oxidativo. Este assunto é muitas vezes referido nas aulas de bioquímica
(e não só!) mas nem sempre fica claro para quem fala ou ouve falar, o que é que
realmente representa.
A ideia é simples de compreender… Conforme eu digo muitas
vezes nas minhas aulas, nós temos um péssimo hábito, que nos mata aos poucos,
sem exceção: passamos uma vida inteira a respirar oxigénio. E essa molécula,
tão importante para a nossa bioquímica, em particular para o metabolismo
aeróbico, é que nos vai matando aos poucos, e nos faz envelhecer. E não tenham
dúvidas, se não morrermos de acidente, ou de alguma doença, vamos morrer porque
estivemos durante a nossa vida a respirar O2! :)
Então o que é que o oxigénio tem assim de tão perigoso? Basicamente
nada, ou seja, a molécula em si é inócua para as nossas moléculas/células. O problema
está na sua suscetibilidade para sofrer reduções parciais, ou seja, captar
eletrões. Na realidade, nós estamos continuamente a formar as chamadas espécies
reativas de oxigénio, que são essencialmente 3: o radical hidroxilo (radical
livre), o anião superóxido (radical livre) e o peróxido de hidrogénio. Destas
3, as duas primeiras são mais agressivas, pois são radicais livres. Os radicais
livres são moléculas que apresentam um eletrão desemparelhado (por isso é que
são representadas com um pontinho preto, que é o tal eletrão desemparelhado).
Os eletrões têm um grave problema, não gostam de andar sozinhos, e por isso vão
procurar “companhia” na primeira molécula que lhe aparecer à frente, seja um
lípido, uma proteína ou um ácido nucleico. Ou seja, as espécies reativas de
oxigénios são moléculas altamente reativas, são agentes oxidantes poderosos,
que vão reagir com as nossas biomoléculas, retirando-lhes um eletrão e
alterando-as/destruindo-as. E o problema é que apesar do radical livre deixar
de o ser quando capta um eletrão, a molécula com quem reage transforma-se num
radical livre, dando origem a um processo destrutivo em cadeia.
Para contrariar esta situação, as nossas células têm várias
defesas, os chamados antioxidantes. Portanto, o stress oxidativo surge quando nós
temos um desequilíbrio entre os pró-oxidantes (espécies reativas de oxigénio e
reações que as produzem) e os antioxidantes (processos que impedem a formação
e/ou atuação dos pró-oxidantes), no sentido de favorecer os primeiros, ou
desfavorecer os segundos.
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