Conforme referi num post anterior (podem consultá-lo aqui), os monossacarídeos
são polihidroxialdeídos ou polihidroxicetonas, que existem sob duas formas (para monossacarídeos com mais do que 4 carbonos):
forma aberta e forma cíclica. Ambas encontram-se em equilíbrio, sendo que a
interconversão entre elas não requer a atuação de nenhuma enzima. Em solução os
monossacarídeos tendem a estar predominantemente sob a forma cíclica (mas
sempre em equilíbrio com a forma aberta), passando a apresentar-se sob a forma
de dois isómeros, que, neste caso, se designam de anómeros (mais informação
sobre este assunto mais à frente). Existem dois tipos de estruturas cíclicas que podem ser formadas: uma estrutura pentagonal que, devido à semelhança com o composto químico furano faz com que os monossacarídeos sejam classificados como furanoses; uma estrutura hexagonal que, devido a ser parecida com o pirano, faz com que os monossacarídeos sejam classificados de piranoses.
Hoje decidi escrever sobre o processo de ciclização dos
monossacarídeos. Trata-se de uma reação química intracelular, ou seja, que
ocorre dentro da própria molécula, e requer dois intervenientes diferentes, o
grupo carbonilo (que pode ser aldeído ou cetona) e um grupo hidroxilo. Na
realidade o que vai acontecer é que esse grupo hidroxilo vai reagir com o grupo
carbonilo, formando uma ligação “éter”. Na realidade não é um grupo éter que se
forma (e por isso eu usei as aspas), pois um dos carbonos desse suposto grupo
éter tem também um grupo hidroxilo. O nome correto depende de qual foi o
monossacarídeo que sofreu ciclização. Se foi uma aldose (monossacarídeo no qual
o grupo carbonilo é um grupo aldeído), então o novo grupo funcional designa-se
de hemiacetal.
Se foi uma cetose, então designa-se de hemicetal.
Ou seja, a
diferença entre ambos está no facto de o grupo hemiacetal se encontrar na
extremidade da molécula, enquanto que o hemicetal se encontra numa posição
interna. Em ambos os casos, estamos a falar num carbono que está ligado a um
grupo –OH e simultaneamente a um grupo –O-R.
Uma vez que os hidratos de carbono, para serem redutores,
devem possuir pelo menos um grupo carbonilo, e que, na forma cíclica, o grupo
carbonilo deixa de existir, pode-se dizer que os hidratos de carbono só são
redutores na forma aberta.
O carbono que apresentava o grupo carbonilo na forma aberta,
e que, consequentemente, não era quiral (pois o grupo carbonilo tem uma ligação
dupla entre o carbono e o oxigénio), passa a ser quiral, o que significa que,
na forma cíclica, os monossacarídeos apresentam mais carbonos quirais e, por
isso, mais estereoisómeros. Esse carbono que passou a ser quiral designa-se de
carbono anomérico e os isómeros que diferem entre si apenas na configuração do
carbono anomérico chama-se anómeros. Os anómeros são classificados com as
letras alfa e beta, e é por isso que muitas vezes se vê esta letra associada ao
nome do monossacarídeo.
Também é por isso que nos referimos às ligações
glicosídicas como sendo do tipo alfa ou beta, mas vou deixar esse assunto para um post
futuro…
.
Teria como postar o link no qual vc explica sobre as ligações glicosidicas do tipo alfa e beta ?
ResponderEliminarMuito bom. Porém na reação de benedict, que reduz o cobre, tem que ser com o açúcar na forma cíclica, não? Então ele é redutor mesmo na forma cíclica,desde que tenha hidroxila glicosídica livre, não é? Bom, posso estar errado,mas é bom verificar. De qualquer jeito, parabéns pelo post!
ResponderEliminarBrabo
ResponderEliminarMonossacarídeos com 4 carbonos não formam estrutura cíclica?
ResponderEliminarQual a importância da ciclização?
ResponderEliminarOs compostos ciclizados são mais estáveis do que com as cadeias abertas e os processos na natureza, em geral, tendem a maior estabilidade, logo é "melhor" os monossacarídeos estarem nas formas cíclicas.
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