Este blogue tem como objectivo divulgar conceitos, informações, músicas, vídeos, jogos, cartoons, curiosidades, sobre temas relacionados com a bioquímica. Porque a Bioquímica não tem que ser incompreensível...
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
terça-feira, 6 de outubro de 2015
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas
Por definição, uma molécula é considerada aromática se
apresentar na sua constituição pelo menos um derivado do benzeno, ou seja, uma
estrutura cíclica com 6 vértices (todos carbonos!), e 3 ligações duplas (na
realidade, conforme já referi noutros posts, não são 5 ligações duplas, mas sim
6 ligações parcialmente duplas, com ordem de ligação de 1,5). Portanto, sempre
que, numa molécula, existir pelo menos uma estrutura destas, a molécula é
considerada aromática.
Provavelmente alguns de vocês poderão estar a questionar-se
o porquê de se utilizar o conceito de “aromático”. Na realidade, a maior parte
das substâncias que nós sabemos que têm aroma (por exemplo, a canela ou o
cravinho-da-índia), devem o seu aroma exatamente à presença de moléculas com
anéis aromáticos, neste caso em concreto ao cinamaldeído e ao eugenol,
respetivamente. É a deslocalização eletrónica dos anéis derivados do benzeno
que confere aroma a essas (e a tantas outras!) moléculas, e, portanto, a
definição química de aromático está claramente relacionada com a definição “fisiológica”
de aromático.
Mas voltemos aos aminoácidos… Há 3 que apresentam um
derivado de anel benzénico na sua cadeia lateral, sendo, por isso, designados
de aminoácidos aromáticos:
Fenilalanina – o
próprio nome já explica a composição deste aminoácido. Num post anterior falei
sobre os aminoácidos com cadeias laterais apolares alifáticas, entre os quais
estava a alanina (este post).
A fenilalanina não é mais do que uma alanina com um grupo fenilo, ou seja, com
um anel benzénico. Como só apresenta carbonos e hidrogénios na sua cadeia
lateral, trata-se de uma cadeia apolar.
Tirosina – este aminoácido
equivale a uma fenilalanina hidroxilada, ou seja, na realidade só difere da
fenilalanina porque possui um grupo hidroxilo no seu anel aromático, na posição
diametralmente oposta ao carbono alfa. Este grupo hidroxilo confere-lhe alguma
polaridade, sendo que a cadeia lateral resultante é, por isso, anfipática.
Triptofano – é o
aminoácido com a cadeia lateral mais complexa, composta por duas estruturas
cíclicas: uma é um derivado do benzeno, outra é um heterociclo (anel composto
por 2 átomos diferentes, neste caso carbono e azoto). Estes dois anéis fundidos
formam um grupo funcional designado de indol, que é anfipático, pois o azoto
confere alguma polaridade. O triptofano é muito importante do ponto de vista
biológico, pois para além de ser utilizado na produção de proteínas, é também o
precursor de muitas moléculas importantes, como, por exemplo, a serotonina.
A tirosina e o triptofano apresentam uma característica
importante, que é o facto de absorverem radiação ultravioleta. Devido a isto,
as proteínas que possuem estes aminoácidos (quase todas!) apresentam absorção de
radiação UV. Na realidade a fenilalanina também absorve radiação UV, mas em
muito menor quantidade que os restantes aminoácidos aromáticos, pois as
modificações químicas que apresentam (grupo hidroxilo no caso da tirosina, e
incorporação no grupo indol no caso do triptofano) aumentam significativamente a
capacidade absortiva de radiação UV do benzeno.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Aminoácidos com cadeias laterais apolares alifáticas
Conforme já referi aqui no blog, num post
anterior (neste post),
os aminoácidos standard diferem entre si na composição química das suas cadeias
laterais. É possível agrupar os 20 aminoácidos em 5 conjuntos, de acordo com as
propriedades físico-químicas da cadeia lateral, em particular, de acordo com a
sua polaridade. Antes de começar a falar um pouco sobre esta divisão, queria já
referir que se trata de uma divisão que envolve algumas ambiguidades, que irei
destacar à medida que forem aparecendo nos posts que vou dedicar a este
assunto.
Vou começar por falar sobre os aminoácidos com
cadeia lateral apolar alifática. Antes de mais, convém explicar o que significa
apolar e alifática. Apolar significa que não possui assimetrias significativas
na distribuição dos eletrões sobre os átomos. Dito de uma forma mais simples,
uma molécula (ou uma cadeia) é apolar se tiver átomos com eletronegatividades
semelhantes. Tal como referi num post anterior (neste post),
se uma molécula for composta apenas por carbonos e hidrogénios, é considerada
apolar. Da mesma forma, se uma cadeia lateral de um aminoácido for composta
apenas por carbonos e hidrogénios, é considerada apolar. Em relação ao conceito
“alifática”, este diz respeito à ausência de anéis aromáticos, que são anéis
derivados do benzeno; portanto, são estruturas cíclicas com 6 vértices, todos
eles correspondendo a átomos de carbono, e com 3 ligações duplas no seu
interior (na realidade não dão 3 ligações duplas, mas sim 6 ligações com ordem
de ligação 1,5, mas para não complicar as coisas podem considerar as 3 ligações
duplas). Portanto, todos os aminoácidos que possuam na sua cadeia lateral
apenas átomos de carbono e hidrogénio e que não apresentem nenhum anel
aromático, pertencem à categoria de aminoácidos com cadeias laterais apolares
alifáticas. São eles:
Glicina – é o aminoácido mais simples, com uma
cadeia lateral formada apenas por um átomo de hidrogénio. Como o átomo de
hidrogénio é demasiado pequeno para ter um papel importante na interação com
outras cadeias laterais de aminoácidos, e não apresentam por si só um
comportamento polar (ou apolar) significativo, este aminoácido aparece nesta
categoria por exclusão de partes, ou seja, porque nas restantes categorias não
fazia sentido incluí-lo. A glicina tem a particularidade de ser o único aminoácido
standard que não apresenta estereoisómeros, pois o seu carbono a não é quiral, porque não está ligado a 4
substituintes diferentes.
Alanina – a sua cadeia lateral é um grupo metilo
(-CH3), que encaixa perfeitamente na definição de cadeia lateral apolar
alifática.
Valina, leucina e isoleucina – as suas cadeias
laterais são mais complexas do que a da alanina, mas são exclusivamente
compostas por átomos de carbono e de hidrogénio.
Metionina – mais um aminoácido que aparece neste
grupo um pouco por exclusão de partes. Apesar de ter um átomo de enxofre, como
se encontra numa posição interna da cadeia (é um grupo tioéter), não afeta
significativamente a polaridade da mesma.
Todos os aminoácidos deste grupo vão ter
tendência a estabelecer forças de dispersão de London (as chamadas “interações
hidrofóbicas”) com aminoácidos vizinhos, pelo que, numa estrutura 3D de uma
proteína, eles tendem a aparecer na proximidade uns dos outros.
Queria só terminar com uma ideia que muitas vezes
é dita de forma errada. Os aminoácidos apresentados neste post não são
aminoácidos apolares, são aminoácidos com cadeias laterais apolares. Nenhum
aminoácido é apolar, pois possuem dois grupos muito polares (amina e
carboxílico) ligados ao carbono a.
domingo, 9 de agosto de 2015
segunda-feira, 27 de julho de 2015
segunda-feira, 20 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
Citocromo c e apoptose
Conforme referi num dos meus últimos posts, o
citocromo c é uma proteína pequena, indispensável para a cadeia respiratória
mitocondrial, pois funciona como um transportador de eletrões entre o complexo
III e o complexo IV. Além desta função muito importante, o citocromo c é também
um importante ativador da morte celular programada, ou apoptose; mais
concretamente, é um ativador da via intrínseca da apoptose. Devido a este papel
duplo, o citocromo c é muitas vezes classificado como “uma molécula central
para a vida no nosso mundo de oxigénio, e, simultaneamente, uma chave que abre
a porta para a morte”.
Apesar de a apoptose ser uma forma de morte
celular, trata-se de um mecanismo fundamental para a homeostasia do nosso
organismo. De facto, quando uma célula acumula danos irreparáveis (no DNA ou
noutra biomolécula), quando é colocada num contexto no qual pode ser
potencialmente prejudicial para as restantes células (escassez de nutrientes,
destacamento das células vizinhas, privação de fatores de crescimento, infeção,
leucócitos autorreativos, etc), ou quando está a mais no organismo (seleção
natural de neurónios, por exemplo) tende a cometer suicídio – apoptose. Esta
ideia óbvia, mas simultaneamente estranha, sugere algo que eu refiro muitas
vezes nas minhas aulas, que é o facto de os seres multicelulares deverem ser
considerados não como um ser vivo formado por muitas células, mas sim, como um
ser comunitário, onde cada célula tem o seu papel, e vive em comunidade com as
restantes.
A apoptose é um processo muito complexo, que
envolve muitos mediadores diferentes e que, em última instância, leva à
ativação de enzimas que promovem a auto-digestão celular. As caspases são uma
classe de proteases que desempenha um papel fundamental na resposta apoptótica.
Globalmente, estão definidos dois mecanismos de ativação da apoptose: a via
intrínseca e a via extrínseca. A via intrínseca é também por vezes designada
por via iniciada pelo citocromo c, pois esta proteína vai ser a protagonista no
início da resposta apoptótica. São vários os estímulos que podem levar a
libertação do citocromo c do espaço intermembranar para o citosol. Quando isso
acontece, inicia-se a ativação das caspases. Em condições normais o citocromo c
não abandona o espaço intermembranar, pois interatua com um glicerofosfolípido
existente na membrana mitocondrial interna, a cardiolipina. A elevada densidade
de cargas negativas deste fosfolípido atrai electrostaticamente as cargas positivas
do citocromo c. Além disso, uma cauda hidrofóbica do lípido insere-se numa
cavidade hidrofóbica da proteína, potenciando a interação entre ambas as
moléculas. São os danos provocados na cardiolipina que podem fazer com que
estas interações sejam destruídas, e o citocromo c libertado.
Uma vez no citosol, o citocromo c promove a
libertação de cálcio armazenado no retículo endoplasmático, elevando a
concentração do ião no citosol. Uma das funções do cálcio é a estimulação da
libertação de mais citocromo c para o citosol, ocorrendo assim um loop de
feedback positivo. Outra das consequências da presença de citocromo c no
citosol é a ativação da caspase 9, que por sua vez ativa as caspases 3 e 7, e o
destino da célula fica traçado – morrer por apoptose!