Obrigado pela sugestão Vasco! :)
Este blogue tem como objectivo divulgar conceitos, informações, músicas, vídeos, jogos, cartoons, curiosidades, sobre temas relacionados com a bioquímica. Porque a Bioquímica não tem que ser incompreensível...
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015
domingo, 13 de setembro de 2015
Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas
Por definição, uma molécula é considerada aromática se
apresentar na sua constituição pelo menos um derivado do benzeno, ou seja, uma
estrutura cíclica com 6 vértices (todos carbonos!), e 3 ligações duplas (na
realidade, conforme já referi noutros posts, não são 5 ligações duplas, mas sim
6 ligações parcialmente duplas, com ordem de ligação de 1,5). Portanto, sempre
que, numa molécula, existir pelo menos uma estrutura destas, a molécula é
considerada aromática.
Provavelmente alguns de vocês poderão estar a questionar-se
o porquê de se utilizar o conceito de “aromático”. Na realidade, a maior parte
das substâncias que nós sabemos que têm aroma (por exemplo, a canela ou o
cravinho-da-índia), devem o seu aroma exatamente à presença de moléculas com
anéis aromáticos, neste caso em concreto ao cinamaldeído e ao eugenol,
respetivamente. É a deslocalização eletrónica dos anéis derivados do benzeno
que confere aroma a essas (e a tantas outras!) moléculas, e, portanto, a
definição química de aromático está claramente relacionada com a definição “fisiológica”
de aromático.
Mas voltemos aos aminoácidos… Há 3 que apresentam um
derivado de anel benzénico na sua cadeia lateral, sendo, por isso, designados
de aminoácidos aromáticos:
Fenilalanina – o
próprio nome já explica a composição deste aminoácido. Num post anterior falei
sobre os aminoácidos com cadeias laterais apolares alifáticas, entre os quais
estava a alanina (este post).
A fenilalanina não é mais do que uma alanina com um grupo fenilo, ou seja, com
um anel benzénico. Como só apresenta carbonos e hidrogénios na sua cadeia
lateral, trata-se de uma cadeia apolar.
Tirosina – este aminoácido
equivale a uma fenilalanina hidroxilada, ou seja, na realidade só difere da
fenilalanina porque possui um grupo hidroxilo no seu anel aromático, na posição
diametralmente oposta ao carbono alfa. Este grupo hidroxilo confere-lhe alguma
polaridade, sendo que a cadeia lateral resultante é, por isso, anfipática.
Triptofano – é o
aminoácido com a cadeia lateral mais complexa, composta por duas estruturas
cíclicas: uma é um derivado do benzeno, outra é um heterociclo (anel composto
por 2 átomos diferentes, neste caso carbono e azoto). Estes dois anéis fundidos
formam um grupo funcional designado de indol, que é anfipático, pois o azoto
confere alguma polaridade. O triptofano é muito importante do ponto de vista
biológico, pois para além de ser utilizado na produção de proteínas, é também o
precursor de muitas moléculas importantes, como, por exemplo, a serotonina.
A tirosina e o triptofano apresentam uma característica
importante, que é o facto de absorverem radiação ultravioleta. Devido a isto,
as proteínas que possuem estes aminoácidos (quase todas!) apresentam absorção de
radiação UV. Na realidade a fenilalanina também absorve radiação UV, mas em
muito menor quantidade que os restantes aminoácidos aromáticos, pois as
modificações químicas que apresentam (grupo hidroxilo no caso da tirosina, e
incorporação no grupo indol no caso do triptofano) aumentam significativamente a
capacidade absortiva de radiação UV do benzeno.