domingo, 14 de setembro de 2014

Tripsina



A tripsina é uma protease digestiva produzida no pâncreas (é um componente do suco pancreático, que é lançado no duodeno durante a digestão). A sua função é clivar as proteínas da dieta, sendo que para isso vai reconhecer aminoácidos com cadeias laterais básicas (lisina e arginina) e clivar as ligações peptídicas nas quais eles estão envolvidos.
De forma a não ser ativa no interior das células que a produzem (se tal acontecesse ela iria começar a degradar as nossas próprias proteínas), é sintetizada sob a forma de tripsinogénio. O tripsinogénio é o zimogénio da tripsina, sendo que um zimogénio é uma forma inativa de uma enzima, caracterizada por possuir mais aminoácidos do que aqueles que a enzima necessita para ser funcional. A ideia é que esses aminoácidos adicionais bloqueiem a atividade catalítica (por exemplo, impedindo o acesso do substrato ao centro ativo). Uma vez no intestino, o tripsinogénio é clivado proteoliticamente por ação de uma enzima intestinal designada enteropeptidase.
A partir do momento que uma molécula de tripsina se torna ativa, ela própria pode começar a ativar (clivar proteoliticamente) todos os outros zimogénios, não só da tripsina mas também da quimiotripsina, carboxipeptidases e aminopeptidases. Portanto, a tripsina tem um papel central na ativação das proteases digestivas, pelo que é indispensável garantir que nenhuma molécula, em condições normais, adquira atividade catalítica no interior das células. A primeira linha de proteção é a síntese da enzima sob a forma de tripsinogénio. Adicionalmente, as células do pâncreas que produzem a tripsina têm também uma segunda linha de proteção, que envolve a produção de uma proteína inibitória, designada por inibidor pancreático da tripsina. Portanto, mesmo que espontaneamente uma molécula de tripsinogénio adquira atividade no interior das células, a presença deste inibidor vai impedir que o mesmo exerça a sua função e, consequentemente, comece a clivar as proteínas celulares e a ativar os outros zimogénios.